quarta-feira, 25 de junho de 2014

A eterna e sempre esquecida aposta nas camadas jovens

Eis um belo texto do Carlos Daniel no DN de hoje.



Mais uma vez o eterno problema.  Só nos lembramos da necessidade de apostar na formação quando precisamos deles.

Serve também para lembrar que quando teve início o projeto da geração benfica no Almada se começou a falar da aposta nos sub23,  aliás essa ia ser a grande marca do Almada.  Apostar na sua boa formação até seniores e certamente daria resultados.

Ora o que é que aconteceu?  O projeto ficou esquecido desde 200 8 até 2014.  Agora sim,  parece que com o regresso do mister celikaya ao Almada todos se lembraram do que tinham planeado no início.

Agora sim,  fala se numa equipa sub23,  uma forte aposta na formação.

Foram precisas 6 épocas de sucessivos fracassos...  A apostar em grandes estrelas do distrital...  As mesmas estrelas que por 50 euros mudam de clube...  Nada disto faz sentido,  nada disto fez sentido.

Infelizmente fui alertando todos estes erros ao longo dos anos,  mas parece que algumas pessoas arrogantes achavam que dirigiam um real Madrid ou um Manchester...  Todas as críticas que eram críticas positivas eram vistas como afrontas.

Azar.

Muita pena minha...  Sempre tive razão.

Um dos resultados dessa política absurda de ignorar os apelos de quem olhava para o clube como um clube diferente e apostava no espírito de grupo,  é que a primeira equipa da geração benfica,  os miúdos de 1997  desapareceram todos do Almada...

Deixou de existir esse sentido de comunhão por um projecto comum.  Passou a ligar se apenas a estratégias infelizes de apostar  nuns e desdenhar outros...  Desapareceu o grupo.

É pena.
Tinhamos um grupo invejado em todo o distrito.

Outros clubes souberam aprender connosco e tiraram os seus frutos.  Nós andámos de cavalo para burro.

Um dia destes cruzei me com um pai de um miúdo infantil,  pergunta me ele pelo meu filho e por todos os outros...

Respondo prontamente.  Correram com eles do Almada.

Deixaram de se sentir bem no clube,  foram tratados com desprezo...

Disseram me também que a equipa de juniores praticamente não tem miudos de 1997.

Sabem o que significa?  Mais uma vez,  as 6 épocas a formar uma boa equipa deitados para o lixo.  Pior.  Esses bons jogadores são agora excelentes jogadores dos adversários do Almada...

Acredito que alguém já tenha aprendido com os erros do passado,  mas,  por favor,  não perguntem mais pelos miudos de 1997... É uma história demasiado triste.  Vão perguntar aos treinadores que correram com os miúdos do Almada...

Esses sim,  que fiquem com os louros do péssimo trabalho realizado.

ão e as razões por que não se ganha
por CARLOS DANIELOntem5 comentários

Claro que agora a culpa é toda de Paulo Bento, porque não levou Tiago, que quis sair, nem Manuel Fernandes, que não quis entrar, nem Bebé ou Antunes, que nunca conseguiram jogar num grande (chegará lá Bebé, a jogar mesmo? Nélson Oliveira nunca chegou). Sim, também penso que errou com Danny, que não cometeu nenhum crime e é melhor jogador do que qualquer outro do ataque, com exceção de Ronaldo e Nani. Mas não seria uma andorinha a mudar este outono de junho.
A questão de fundo - e já vou aos erros neste Mundial - é outra: a equipa está envelhecida, sem andamento. Paulo Bento podia ter minorado o problema, mas os jogadores do núcleo duro não ficariam mais novos nem menos desgastados. Bruno Alves, Ricardo Costa e Postiga têm 32 anos, Pepe e Meireles 31, João Pereira e Hugo Almeida já 30, Varela chegou aos 29 como Ronaldo, Veloso está nos 28, a mesma idade que vão completar este ano Moutinho e Nani. Na equipa-base, os mais novos são Coentrão e Patrício, mas já têm 26. Não há no futebol português - não é apenas nos convocados de Bento - um único grande jogador entre os 22 e os 26-27, a idade em que a experiência já é alguma e a disponibilidade física total.
Chegou-se aqui por uma série de fatores e há dois principais: durante os anos de Scolari só interessavam os resultados da equipa principal, pelo que as seleções jovens foram tratadas de modo incompetente e desleixado, como se não houvesse amanhã; os principais clubes (não só os grandes) deixaram de apostar no jogador português e, enquanto houve dinheiro, muitos dirigentes e empresários encheram os bolsos com a circulação de jogadores de todo o mundo. E isto só mudou com a crise e a criação das equipas B.
No Brasil correu quase tudo mal, a começar numa onda de lesões musculares que é tudo menos normal, quando até André Almeida, pouco desgastado, ou o guarda-redes (!) tiveram problemas desses. A gestão do jogo com os americanos também podia ter sido bem melhor, sobretudo porque Portugal entrou a ganhar. Em vantagem e com as pilhas em baixo, não era de continuar a pressionar no campo todo, antes de recuar as linhas (defesa e meio-campo), reduzir o espaço nas costas da nossa defesa e apostar (com Varela e não Eder por Postiga, já agora) no momento do jogo em que atualmente somos mais fortes, o da transição ofensiva. Paulo Bento disse que entre a espada e a parede escolheria sempre a espada e ia à luta. Desta vez, taticamente, mais valia ter-se encostado à parede, para tentar depois a estocada definitiva no rival. O que mais critico, no entanto, é a insistência num meio-campo que não andava. Escrevi depois do jogo com a Alemanha que Paulo Bento não podia limitar-se a substituir os lesionados, que isso era ficar com os problemas idênticos e jogadores piores. Tinha de mudar mais, com Amorim, depois da época que fez, e até com William, idem aspas. Não mudou. Às vezes a escolha é entre ter razão ou ganhar. Paulo Bento insistiu em provar que tinha razão e perdeu.
Agora resta esperar um milagre que não vai acontecer no Brasil, antes me engane, e que cresça depois a geração de William, Ilori, André Gomes, João Mário, Bruma ou Rafa, e que resistam mais uns anos Coentrão, Moutinho, Nani e até Ronaldo, mesmo a jogar de maneira diferente. Já agora, pedir a Ronaldo que iludisse tudo isto é o cúmulo da injustiça. Ele é hoje a mentira boa da seleção portuguesa e sem ele nem ao Mundial teríamos chegado. No jogo com a Alemanha tivemos o choque com a realidade, que é esta. Triste mas é.




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