quarta-feira, 6 de março de 2013

Alguns filmes obrigatórios para treinadores e quem gosta muito de futebol!


Há vários excelentes filmes sobre futebol.
Só recentemente vi o «Damned United», ou «Maldito United» em português.

Trata-se de um filme de 2009, sobre uma história real, de um grande treinador britânico, Brian Clough que conseguiu um record nunca mais batido, de levar o Nothingham Forest a campeão da Champions League acumulando com outros títulos britânicos.

EU gostei muito deste filme (é fácil vê-lo em vários sites gratuitos de filmes na internet...  e até se encontra no youtube) porque mostra algumas das coisas boas, e algumas das coisas más do futebol.

Eis algumas das lições sobre futebol (grande maioria são coisas que conhecemos, claro... não se encontram aqui nenhumas revelações) que encontramos neste filme:


- Por um lado, fica muito óbvio que o sucesso desportivo está intimamente ligado ao espírito de grupo que se constrói. O ambiente no balneário é a chave de tudo...

- O inverso também é verdade. O treinador pode ser o melhor do mundo, mas se entra num balneário e não consegue motivar os jogadores... se há jogadores presos a um passado, jogadores que não aceitam as novas regras, o desastre está anunciado...

- Um treinador de sucesso normalmente tem sucesso não só pelo seu mérito individual, mas também pelo apoio de alguém. Seja um diretor dedicado, seja um «olheiro» eficaz, seja um apaixonado pelo clube que galvaniza um clima de apoio ao clube... Neste filme fica claro que Clough não era nada sem Pete...

-  O futebol é muito propenso a pessoas de ambição desmedida. Pessoas para quem vale tudo para se ganhar...  Neste filme encontramos várias personagens, presidentes de clubes, treinadores... O próprio Clough cegou com a ambição desmedida, tendo prescindido do apoio do seu amigo de sempre (Pete) para aceitar o convite de treinar o maior clube do país, o Leeds United.  Mas foi pouco inteligente. Não só lhe faltava o apoio, a clarividência de Pete, a sua inteligência ao perceber exatamente que tipo de jogadores precisava na equipa, como ainda por cima aceitou treinar uma equipa com um plantel de quem tinha dito cobras e lagartos... Obviamente ia dar mau resultado. Em 5 jogos fez 4 pontos, esteve 44 dias e foi despedido!

- Olhar para uma equipa e ter a inteligência de perceber que falta naquele plantel um jogador com características específicas... Não é para todos! Pete tinha essa visão e Clough conseguiu épocas de sonho à conta de reforços de plantel idealizados por Pete!

- Uma carreira de treinador feita em cima de truques (Don Levie - o grande «adversário» de Clough - que ganhava campeonatos pelo Leeds à conta de uma equipa e um clube que pressionavam as arbitragens  acabou a sua carreira muito mal, chegou a seleccionador mas saiu escorraçado. Moral da história, mais tarde ou mais cedo, os truques deixam de render...)

-  As massas vão sempre atrás do sucesso desportivo, sem quererem saber se se consegue sucesso com bom futebol, ou com cacetada... pouco interessa. O que interessa é ganhar! E os bons treinadores têm de saber conquistar as massas de adeptos com bom futebol! Porque o povo, tanto lhe faz... desde que ganhe... (Quando Clough tentou mudar o estilo de jogo do Leeds, proibiu os seus jogadores de atirarem os pitons sobre os adversários, começou a perder jogos - a massa de adeptos começou logo a pedir o antigo treinador... é sempre assim)



http://www.imdb.com/title/tt1226271/?ref_=sr_1



Lendo os ensinamentos deste filme e pensando na formação do Almada, encontro alguns paralelos.

Quando a dupla Clough/Pete começou no piquenino clube do Norte, o Derby, na terceira divisão, tentou fazer acreditar aos jogadores que jogando bom futebol se pode ir longe. Precisou de reforçar o plantel, pois precisou. Mas aquisições pontuais. Tinha muitos jovens, que formou, e precisou de alguns jogadores experientes.
Para levar o Derby a ganhar a taça de campeão da II Divisão e ao topo da classificação da Premiére League, Clough demorou alguns anos. Começou julgo que em 1968, e só em finais dos anos 70 teve os resultados que queria.

O Almada está agora a começar esse processo. No ano passado estava no escalão mais baixo de todos... a II Distrital, subiu à I Distrital... este ano chega à segunda volta do campeonato em primeiro lugar.
Mas ainda falta muito tempo. Mas uma coisa é certa, o trabalho está a ser bem feito, se não subir este ano, sabemos que subirá no ano que vem, ou no ano seguinte! Quando se faz bem o trabalho, o sucesso acaba por acontecer...


Outra nota interessante.
Não sou, nunca fui nem nunca serei defensor de mudanças completas de planteis.
De um ano para o outro mudar mais de metade dos jogadores. Não gosto disso. Acho que mais tarde ou mais cedo se vai revelar um problema. As equipas constroem-se ao longo do tempo. Até porque os jogadores que vão ficando no clube mais anos tornam-se referências e são peças importantíssimas para a motivação dos planteis. Agora, uma coisa é manter sempre a raiz de uma equipa e ir reforçando, outra coisa é ficar a olhar para o umbigo e não fazer o trabalho de casa de ir observando bem os adversários e ir contactando jogadores específicos para determinado lugar no plantel.

Falo daquilo que sei, não tenho quaisquer dúvidas de que o sucesso dos Iniciados A na época do ano passado, sagrando-se campeã a 5 jornadas do fim do campeonato, levando os iniciados a subir de divisão,  tem muito a ver com os reforços de plantel que se fizeram no grupo de 1997 nos últimos anos.
Aqui não posso deixar de mencionar a minha mágoa, tanto esforço fiz para cativar outros bons jogadores para o Almada e no entanto parece que deixou de haver essa preocupação. pelo menos, em juvenis, não vejo o mínimo esforço!
Obviamente quando não somos nós a fazer esse trabalho, alguém o está a fazer. E, portanto, estamos a traçar o nosso caminho... Na época seguinte, se calhar, vai repetir-se mais uma época sem sucesso, caso continuem a sair bons jogadores e não exista o mínimo esforço de captação.

A este nível não posso deixar de criticar também a direção do clube que passou a tratar os pais com desdém... quando se sabe que a dinâmica mais fácil de captação de jogadores é, na maior parte das vezes, através de conversas entre pais!  Mas enfim... há quem ache que os pais só servem para entrar com uns euros quando é preciso... Errado! Na formação os pais fazem muita falta! Até para criar o tal espírito de grupo. Que, obviamente, se perdeu... perdeu-se um capital tremendo que existia neste grupo de 1997...  E porquê?
Não sei. Julgo que há pessoas que percebem muito de tabelas de excell... mas percebem pouco de dinâmicas de grupo! E é pena...

O Almada podia ser um viveiro de «Cloughs», treinadores com grande sucesso, mas  não sei se virá a ser!

Falta ali compreender muita coisa! O sucesso depende de muitos fatores. E não se pode desperdiçar nenhum.

Temos o exemplo que dei: O grupo de 1997 fez o ano passado um campeonato sem mácula... a ganhar quase tudo. Conseguiu formar aquele grupo através de uma dinâmica gerada entre pais a cativar novos jogadores e a alimentarem um espírito de grupo invejável! Deixaram acabar esse clima, essa vontade que existia de motivar o grupo!. Não havia uma semana que não aparecesse um pai a apresentar uma nova ideia...  Este ano desapareceu tudo! Cada um para seu lado, e seja o que Deus quiser... e é pena!





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