segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O bom futebol e a (de) formação

O amigo Décio publicou no Facebook este artigo publicado no jornal «Record» onde se aborda a questão da formação, da atitude em campo, da atitude na bancada.

Concordo com quase tudo o que aqui está escrito, mas lamento dizer, falha aqui uma questão muito importante e que, a meu ver, é um dos factores mais importantes para o que se passa nos campos nos jogos de equipas da formação:

A arbitragem.


Pois, eu já sei que muitos senhores árbitros já estão a pensar, «lá vai ele atirar-se a nós».
Pois, lamento.
Sei que não se pode confundir a árvore com a floresta, mas infelizmente aquilo que vejo semana a semana não são casos isolados. São, aliás, demasiados casos de péssimas arbitragens.

Uma péssima arbitragem, é um jogo destruído.
Resulta num sentimento de injustiça por parte dos miúdos.
É um motivo de revolta nas bancadas.
É causa de instabilidade e gritos para o ar.


Uma boa arbitragem é, quase sempre, motivadora de um bom jogo de futebol.
Também as vemos, é verdade.
Eu neste blogue venho assinalando, com alguma raridade, é verdade, jogos em que os árbitros mostram grande capacidade de gerir o jogo com bom senso.

Há bons árbitros, claro que há.
Mas há demasiados casos de péssimas arbitragens.
Há poucas semanas lembro-me de um jogo em que um fiscal de linha levantou a bandeira para foras de jogo talvez umas 30 vezes... Muitas das vezes estaria a agir corretamente, mas houve pelo menos umas dez que foram decisões erradas. Toda a gente gritava das bancadas que o homem era ceguinho...

Todos nós vemos dezenas de jogos na TV, vemos as repetições, ouvimos especialistas comentarem se os fora de jogo estão bem, ou mal assinalados, e estamos a ouvir argumentos para pormenores quase impossíveis de ver a olho nu.
Coisa diferente é um passe que sai do defesa central, a bola quando sai dos pés do defesa não tem ninguém fora de jogo, mas quando a bola chega ao espaço vazio, o avançado chegou antes do defesa... o árbitro levanta a bandeira. Que raio? Mas o homem não sabe as regras???

Erros grosseiros deste tipo existem em grande número.

Mas eu queria focar-me noutros casos, aqueles mais desestabilizadores:
O caso típico do jogador que passa o jogo todo a dar cotoveladas, empurrões, puxões, toques no calcanhar... o árbitro não vê, ou acha que aquilo não merece falta, e a dada altura o jogador que tenta fazer bom futebol, limpinho, leva uma cacetada violenta e como já está saturado de levar tanta porrada faz um gesto de desespero. O árbitro vem a correr e, em vez de se virar para o jogador faltoso, vai direitinho à vítima da violência e aplica-lhe um cartão amarelo, às vezes até vermelho!

Casos destes são às dezenas....
Isto é vergonhoso!
Isto é promover o mau futebol!
E há muitos árbitros com esta escola. A escola do mau futebol, do futebol quezilento.

Depois admiram-se que se gera agitação nas bancadas?
Obviamente que tem de haver agitação. Há um sentimento de revolta, de injustiça.
Ilibamos o «criminoso» e atacamos a «vítima».
É básico. é óbvio!
Situações destas geram revolta e prejudicam todo o ambiente de festa que se devia viver em campo.


Outro caso que vi ontem no jogo do Benfica.
Via-se um jogador com calças de licra preta por baixo do equipamento.
Normal!
Está frio!
O jogador quis jogar mais agasalhado!

Lembrei-me logo de um jogo recente, de juvenis B entra o C. Piedade e o Almada, em que o senhor árbitro ficou incomodado porque um jogador do Almada usava calções térmicos pretos por baixo dos calções azuis. Via-se, em certos movimentos, talvez 1 ou 2 centímetros de calção preto por baixo do azul.
Qual é o problema?
Alguém vê algum problema nisso?
O Piedade jogava de preto? Não!
Então qual era o problema?
Obviamente nenhum!
Mais um árbitro daqueles que não tem a noção do que é importante no futebol e o que é marginal. Lá se deve ter lembrado de uma qualquer regra que andou a estudar nos manuais e parou o jogo para o miúdo retirar o calção térmico.

Uma cena vergonhosa... jogo parado... o miúdo a despir-se em pleno campo e o senhor árbitro todo contente e orgulhoso da sua decisão sábia...

Coisas destas existem às dezenas. Árbitros sem a mínima noção do que é importante e o que não tem relevância.

leio no texto do David (em baixo) que no futebol 7 as regras deixam de ser tão rígidas,  porque se pretende mais a formação. Nomeadamente, que nos cantos do campo não é rigoroso que exista uma bandeira, pode ser um cone.

Pois, também já assisti a um jogo de infantis, no Almada, em que estava um vento fortíssimo e as bandeiras não se aguentavam. Chovia, era inverno rigoroso, parecia uma tempestade, e o senhor árbitro parava o jogo de 2 em 2 minutos obrigando o diretor do Almada a correr de um lado para o outro para meter as bandeiras em pé... E o Nuno corria, corria, à chuva... Correu mais do que os miúdos, que arrefeciam à espera da magna decisão do árbitro...

Enfim! Podia escrever aqui umas quantas páginas de casos que já assisti. Coisas ridículas em que são os árbitros quem cria os problemas, em vez de serem facilitadores da boa formação, do bom futebol.

Neste artigo refere-se também o papel dos pais e treinadores.
Eu confesso, sou pouco tolerante para com os erros grosseiros dos árbitros.
Nos jogos de formação só há 3 pessoas que estão ali a ganhar dinheiro: São os árbitros.
Eles têm a obrigação de serem os agem em campo com mais profissionalismo. Têm de se esforçar mais que os miúdos e treinadores. Os outros estão ali por gozo. Eles estão por dinheiro (também por gozo, acredito)!

Os pais, por norma, gritam de forma efusiva quando as jogadas são boas, mas gritam também quando há violência exagerada.

Sinceramente, sei que muita gente critica muito os pais. Eu não sou tão crítico.

Os pais são os principais responsáveis para que existam campeonatos de futebol de formação. São eles que pagam as mensalidades, os equipamentos, o transporte (3 a 4 vezes por semana) para os treinos, para os jogos. Em alguns clubes pagam até os lanches pós-jogos, pagam as inscrições na Associação, pagam praticamente tudo...
Ou seja, sem os pais, não haveria futebol de formação.

Se eles gritam muito? Pois, faz parte da emoção do futebol.
Se calhar se não houvesse emoção no futebol, se calhar não movia os milhões que move.
É do futebol. É da essência do futebol.
Vemos nos canais pagos os jogos das melhores ligas do mundo e conseguimos ler nos lábios de jogadores, treinadores, presidentes, enormes palavrões...  Pois, pois lemos!

Não é bonito? É claro que não é!
Mas faz parte da emoção do futebol!

Se os pais gritam quando há um golo, isso é muito bonito, se os pais gritam quando há uma falta grosseira do árbitro, isso já é feio!

Pois, num desporto em que a emoção está à flor da pele não é possível controlar as emoções só para as coisas boas.
Se calhar temos todos de ser mais tolerantes, mas incluindo árbitros e treinadores.

Se há equipas que jogam duro, que distribuem fruta do primeiro ao último minuto e não ouvimos uma única palavra a corrigir, da parte dos treinadores... isso é feio.
Mais feio é quando ouvimos os treinadores a incentivarem, «dá-lhe, quero mais agressividade em campo!»...
Pois, é muito feio. Mas lamento dizer, vê-se com muita frequência!
O «GANHAR» continua a ser a palavra de ordem!
Não interessa se é dentro das regras ou fora das regras.
Não interessa se se estraga um jogo a queimar tempo, a atirar a bola para fora e a ir buscá-la devagarinho... o que interessa é os 3 pontinhos...
Enquanto esta for a regra de dirigentes, treinadores e pais... o futebol continuará a ser horrível.

Há 5 anos que acompanho o grupo de 1997 do Almada, há 5 anos que ando a defender um grupo que jogue bom futebol, que não se preocupe tanto com o resultado, mas mais com o futebol praticado!

A paixão pelo futebol tem de ser uma paixão pelo bom futebol!

Alguém tem gozo em pagar um balúrdio para ir ver a sua equipa ao estádio, que ao minuto 5 marca um golo e depois fica 85 minutos a queimar tempo?
Há quem tenha gozo com isso?

Eu não tenho!
Eu prefiro ver a minha equipa a perder mas a tentar do primeiro ao último minuto ser a melhor equipa em campo, a construir a jogo, a fazer futebol bonito!


São maneiras de ver o futebol!
Esta é a minha!


A discussão mediática que o David propõe para o futebol de formação, é a discussão que ando a promover neste blogue há 5 anos.

Se todos nós defendêssemos  a prática do bom futebol, em vez da ganancia do resultado, em vez da mesquinhice dos 3 pontinhos... se calhar tudo era diferente!

Se calhar era possível ter resultados muito positivos de houvesse um grande esforço na formação de árbitros.

Talvez se conseguisse orientar o futebol para o espetáculo desportivo, e não para o conflito, para as decisões absurdas, ainda que de legalidade duvidosa.

Árbitros que procurem motivar jogadores para um futebol limpo seriam motores para o bom futebol.
È pena que se veja cada vez mais árbitros agarrados ao pormenor da regra e se esqueçam o essencial. Depois admiram-se dos ambientes hostis, dos gritos das bancadas.

Eles são dos maiores responsáveis para o triste espectáculo que se vê em campo.

Jogadores que se gabam de enviar adversários lesionados para o hospital só é possível que aconteça com árbitros que não percebem o essencial do futebol, e que é tão simples: Promovam os bons jogadores, penalizem os atletas do anti-jogo, da violência.

Se atuarem com esta regra simples estão a ajudar o futebol, a ajudar para um bom espectáculo.
Atribuam mais cartões vermelhos a jogadores maldosos que aleijam os adversários, em vez de darem vermelhos por reação infantil. São tantos os cartões de expulsão por não gostarem de bocas dos miúdos… mas que raio, são miúdos…
É justo que um miúdo maldoso que lesiona adversários jogue todos os minutos do jogo, enquanto um que jogou limpo se enerva com alguma situação e diz um palavrão é expulso?  É justo?

É esta a verdade do jogo? É o bom futebol que promovemos com decisões destas?

É pena que em Portugal ninguém discuta estes aspectos… é pena!

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O problemático Futebol de 7
ESCREVEM OS LEITORES
Quarta-Feira, 15 janeiro de 2014 | 21:11
Autor: DAVID PEREIRA/21 ANOS/ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO
Antes dos jovens se lançarem no futebol de 11, no escalão de iniciados, na maioria das associações de futebol do nosso país, infantis e benjamins, atletas com idade superior a treze anos, evoluem no futebol de 7.

O tempo de jogo, as medidas dos campos e as balizas são mais reduzidas, o que é expectável. Nos benjamins, cada treinador pode pedir um minuto de desconto de tempo por parte, e nos infantis, existe a particularidade de existir a lei do fora-de-jogo, apenas a partir da linha limite da área de grande penalidade.

As ideias-chave, devido ao tipo de intervenientes, são a pedagogia e a tolerância. Por norma, evita-se a amostragem de cartões, explicando-se às crianças o que fizeram de errado e que consequências isso poderia ter. Bandeirolas de canto podem ser substituídas por cones e algumas marcas no campo poderão estar a amarelo ou a tracejado, entre outros aspetos.

No entanto, a palavra negócio começa a estar bem presente em dirigentes mais empreendedores. As equipas B permitem que um clube possa ter, por exemplo, mais de oito equipas com atletas com idade inferior a treze anos, e claro, em muitos dos casos, os pais das crianças pagam mensalidades.

Em vários casos, pouco importa se joga bem, se joga bem, se vai ou não aos treinos, quem paga tem direito a jogar. Por vezes, mesmo no mesmo escalão, a diferença de qualidade de uma equipa A para uma equipa B é da noite para o dia. Nos «Às», jogam os melhores, os «bês» são por vezes formações… comerciais. E se infantis e benjamins têm competição oficial e pagam para estar incluídos nessa competição, a margem de lucro em traquinas e petizes é estrondosa.

Outro fator a ter em conta é a ausência de policiamento. Teoricamente, quando se lida com idades tão jovens e com um futebol que deveria ter como prioridade e quase exclusiva preocupação a formação, isso faz sentido. Mas na prática não acontece, e os árbitros são os principais visados. Os pais (e mães) com filhos destas idades tão jovens são os que sentem mais o jogo, os que não perdoam qualquer queda do progenitor que não culmine no assinalamento de uma falta, os que mais incentivam os filhos a serem violentos e a terem falta de fair play. Os treinadores, por norma, porque não se limitam a querer formar, e também querem ganhar, não têm problemas em exprimir o seu descontentamento de forma efusiva.

É necessária coragem para assinalar uma grande penalidade ou expulsar alguém quando se sabe que no caminho para o balneário, no intervalo ou após o jogo, sem o acompanhamento de polícia, se vai passar por entre adeptos afetos às duas equipas. É triste, mas na melhor das hipóteses, nesse trajeto campo/balneário, só se ouve uns insultos. E agora, voltando às leis de jogo, pensem que um só árbitro tem o dever de estar atento a faltas, bolas dentro ou fora e… foras-de-jogo. O mais difícil é não ser contestado.

A falta de civismo estende-se aos jogadores, claro. Apesar da tenra idade, por exemplos dos ídolos ou por incentivo de pais ou técnicos, a atitude de quem está a ganhar não é a mesma de quem está a perder. As perdas de tempo são presença assídua nestes jogos. Do nada, quem se encontra em vantagem passa a perguntar muito frequentemente quando pode cobrar um pontapé de baliza, de canto ou lançamento, em vez de o fazer logo. Do nada, as crianças aparecem com as botas desabotoadas e pedem ao árbitro para as abotoar. Do nada, os guarda-redes levam imenso tempo para ir buscar a bola antes de um pontapé de baliza.

É claro que o futebol de 7 não tem espaço nas capas dos jornais, mas em toda a sua estruturação necessita urgentemente de uma discussão mediática. Está-se a caminhar na direção errada.

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Via um dia destes na SSPORTV um jogo do Real Madrid em que o Cristiano Ronaldo é pisado por um jogador adversário... Uma pisadela simples, sem intenção... não foi preciso nada, o Cristiano deixou a bola seguir e mostrou desagrado apontando para o pé e o árbitro assinalou a falta, o adversário pediu desculpa.

Assim é bonito!

Agora comparem.
Vão ver alguns jogos dos campeonatos distritais de juvenis e vejam como algumas equipas jogam. Se passa a bola não passa o jogador... é esta a regra! É tudo à bruta, se tivermos de mandar um jogador para o estaleiro, manda-se...

E os árbitros, qual é o seu papel para evitar este tipo de futebol horrível que só promove a violência?
Nada! Não fazem nada...

São capazes de ir a correr  com aspecto ameaçador, para um jogador que agarrado à perna se queixa da violência de que foi alvo!




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