quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Quando não se consegue gerir um plantel...




Villas-Boas é o caso paradigmático do excelente treinador que fracassou. Não é por ter fracassado esta época que se torna mau treinador. Não. Ele é e continuará a ser sempre um grande treinador e vai prová-lo em breve.
O que acontece é que os treinadores têm uma responsabilidade muito grande na gestão do plantel, têm de saber lidar com os egos dos jogadores, com as suas ambições, com os seus relacionamentos de balneário.
Quando não se consegue gerir essa difícil tarefa, o plantel torna-se um saco de gatos, e nunca mais se resolve... O caminho é sempre o mesmo: O desastre!
E se não é o próprio a perceber que jamais endireitará o que começou torto, então terão de ser outros a decidir, e a solução é só uma: é corrido!
Fica sempre essa imagem desagradável...  Mas é da vida!

Partilho convosco um artigo do meu amigo Carlos Daniel, publicado no DN e que ontem colocou no Facebook. Como habitualmente, concordo com cada uma das letrinhas do Carlos:


  • Que ando a falhar a partilha do "Futebol Total", a minha coluna no Diário de Notícias. É assim esta semana:

    A cadeira de sonho e a carreira de sonho

    André Villas Boas é um excelente treinador e voltará a ter sucesso. Afirmo-o agora, quando parece mentira, que não gosto de opinar em função dos resultados mais próximos. Villas Boas é competente e não é este insucesso que apaga o que conseguiu no Porto ou no Tottenham do ano passado (a propósito, para quem valoriza resultados, é o treinador do clube com maior percentagem de vitórias no último… século).
    Acontece que os bons também falham e este ano falhou, claramente (como falhara, é um facto, embora de outro modo, no Chelsea). Na composição do plantel esteve a origem do mal: 1. não teve força para impedir contratações desnecessárias (Chiriches ou Eriksen), o que azedou a relação com a direcção; 2. a limpeza de balneário (Parker, Assou-Ekoto) foi incompleta e o desprezo por Adebayor (depois recuperado em desespero) ou a subutilização de Defoe (sem um grande Soldado) deterioraram o ambiente num grupo de recém-chegados em adaptação; 3. Não tinha um grande central, e o melhor disponível - Vertonghen – acabou deslocado para a esquerda, que também não havia alternativa ao jovem Rose. Do meio campo para diante eram só cromos repetidos, com 2 lugares apenas para Capoue, Sandro, Paulinho e Dembelé, e mais duas ou três vagas para Lennon, Townsend, Lamela, Eriksen, Sigurdsson, Holtby e Chadli.
    Há todavia uma terceira dimensão, intrigante, neste processo, que é o modo como o Portugal desportivo – os media mas também os adeptos, nas redes sociais – quase festejou o despedimento, sem sintoma de carinho por um português de méritos provados. O mesmo país que se mobiliza pela bola de ouro de Ronaldo e defende Mourinho nos momentos mais controversos, não mexe uma palha por Villas Boas. E não será só pelas clássicas e muito nacionais inveja e clubite tão portuguesas mas também porque Villas Boas não cuidou dessa proximidade, afastou-se do espaço mediático nacional, nunca deu uma entrevista de jeito para o país onde nasceu, sem ser arrogante no trato foi-o na atitude. Mourinho e Ronaldo souberam sempre mobilizar o país em seu apoio, Villas Boas descuidou esse factor. Talvez por isso tantos lhe vaticinam agora um regresso ao Porto, que afinal só com os dragões manteve laços. Não o recomendaria, porque dificilmente iria repetir o que já fez e isso só confirmaria uma (para mim injusta) ideia de logro, ou seja, de que não há carreira de sonho mas apenas cadeira de sonho.
    .
    Onze da semana: Neto (Fiorentina); Zabaleta (Man City), Phil Jones (Man United), Ansotegui (R.Sociedad), Kolasinac (Schalke 04); Henderson (Liverpool), Dzemaili (Nápoles), Hahn (Augsburgo); Tevez (Juventus), Suarez (Liverpool), Diego Costa (At. Madrid).

    Destaque: Fernandinho (Man City)- Apetece perguntar como pôde ter estado oito anos na Ucrânia. Médio muito ofensivo quando explodiu no Atl. Paranaense, europeizou-se tacticamente com Lucescu, e é hoje um admirável box-to-box que Pelegrini transformou no par ideal para Yaya Touré. Com Yaya, ele faz iô-iô, que se um avança o outro recua. Falam-me em duplo-pivô, respondo com médios centro que a complementaridade não tem de ser um jogo de contrastes, água e azeite. Touré e Fernandinho misturam-se e da mistura resulta o melhor. Com o Arsenal encheu o campo, perfeito nas rotinas actuais, de equilíbrio, e a ir à memória buscar o melhor técnica para dois golos de luxo. Scolari pode prescindir dele, porque tem Pauliho, Ramires e Luiz Gustavo, mas não devia. Com a bola nos pés é o melhor deles todos.

    Descoberta: Brayan Perea (Lazio): Pode estar aqui um dos grandes avançados do mundo, dentro de um, dois anos. Na primeira época em Itália, na Lazio que o descobriu cedo, já acumula muitos minutos. Falta-lhe acumular golos mas acredito que começará em breve. Tem só 20 anos, é atlético e poderoso, e com qualidades atípicas para a altura que tem (1,90m). Aliás, enquanto lhe falta afinar a definição - seja a finalizar mesmo ou a concluir arrancadas e dribles - entusiasma particularmente quando recua, seja na procura da faixa para acelerações longas, ou quando recebe de costas e protege a bola para jogar com os médios. O filão colombiano entrega mais esta pérola ao futebol europeu. Chamam-lhe El Coco.

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