domingo, 4 de agosto de 2013

Episódio Cardozo, e o futebol juvenil...

O caso de Cardozo (ainda não resolvido) é paradigmático do que devem os grandes jogadores aprender na sua formação.

Muitos dirão que o comportamento de Cardozo é normal  e que o problema já deveria ter sido resolvido com o jogador a voltar à equipa.


Eu, confesso, não sou adepto de que nas equipas, nas empresas, nas comunidades, nas famílias, tudo seja possível.

Não! Há regras de convivência.
Há regras de civismo!
Há regras de respeito para com o outro!
Há regras de comportamento em grupo.
E quando se infringe as regras... há penalizações!

Quando se faz parte de um grupo, temos de saber qual é o nosso lugar! E por mais que a autoestima de um jogador esteja em alta, nunca poderá esquecer que o seu sucesso individual depende em muito do grupo.  E se depende do grupo, deve-lhe respeito!

Quando um jogador falta ao respeito ao treinador, ainda por cima em público, ainda por cima num jogo daquela dimensão, transmitido em direto para milhões de pessoas, quando isso acontece, só há duas soluções possíveis:

1.ª Cardozo tinha de ser rápido na reparação da sua falta.
Marcava uma conferência de imprensa, dava entrevistas, explicava que aquilo que fez é inqualificável, que só aconteceu devido a toda a tensão de estar a jogar numa final. Lamentava, pedia desculpas a treinador, ao clube, aos adeptos...

Depois era esperar, ver qual a reação do clube, dos adeptos, e, principalmente, de Jesus!

2.ª Cardozo era afastado do clube e penalizado com uma multa disciplinar! Mas essa decisão devia ser rápida. Devia ter acontecido no defeso! Para que, quando retomasse a pré-época já estivesse o assunto resolvido, os adeptos já não pensassem em Cardozo, que já ninguém se lembrasse do episódio! Retomar a época com esta ferida em aberto... claro, é um massacre. Uma pressão sobre Jesus, sobre o clube... continua a ferida aberta à espera de curativo!


Mas que relação tem este caso com o desporto juvenil?
Pois, eu acho que todos estes episódios são úteis para tirarmos lições de vida.

Eu, como adepto, posso discordar das decisões do treinador, posso até dizer publicamente que o treinador esteve mal, que tomou opções erradas, que foi o culpado de derrotas. Posso, como adepto, fazer todas essas apreciações.
Mas os jogadores, dirigentes, todos os membros do grupo de trabalho têm estar coesos nas decisões tomadas.

Se discordarem de alguma coisa, terão de manifestar essas críticas internamente. Em 4 paredes, de olhos nos olhos. Ninguém cá fora tem de saber que houve discordâncias.
O grupo resolve os assuntos internamente.


Jogadores que logo em Infantis e Iniciados começam a refilar publicamente sobre as decisões da equipa técnica, são jogadores com um grande potencial para serem afastados dos grupos de trabalho.
Dificilmente irão longe, porque são atletas que preferem ouvir as críticas de pais e amigos, e mesmo nos treinos e jogos fazem críticas aos treinadores, sem perceberem qual é o seu papel no grupo.

Não digo que não exista espaço para manifestar as suas opiniões, claro que sim. Um bom treinador é um treinador que deixa espaço para esse tipo de abordagens. É um treinador que ouve o atleta e explica-lhe depois, de forma convincente, com bons argumentos, porque tomou determinadas decisões.

Diria que em 99% dos casos os atletas vão compreender as decisões e com este diálogo até cimentam a sua relação com o treinador, ficam a compreendê-lo melhor, vão interpretar melhor as suas determinações.


 Uma coisa deve estar na cabeça dos atletas:

Em 1.º lugar está a tua equipa, o teu grupo

Em 2.º lugar está o teu clube

Em 3.º lugar está o teu interesse individual


Se pões em primeiro lugar os teus interesses pessoais, as tuas pequenas vaidades, e só depois pensas no grupo, no clube, estás num péssimo caminho!

Pensar que o caminho do sucesso é o individualismo é um erro crasso!
Um jogador só tem sucesso  se estiver bem enquadrado no seu grupo. Se confia na equipa, se se entrega à equipa, se está munido de um espírito de coesão e comunidade.

Pensar que é a jogar sozinho e a desdenhar os colegas que vai ter sucesso... não adianta andar a saltar de clube em clube à espera desse sucesso, porque esse sucesso nunca vai surgir!


O caso de Cardozo é exemplar.
Um jogador que fizera uma época excelente, resolveu inúmeros jogos do Benfica, já tinha uma legião de fãs.... e estragou tudo num momento mau de desilusão!
Não está em causa se tinha razão ou não! O que está em causa é que faltou ao respeito à equipa, ao treinador, ao clube, aos adeptos, a tudo...

Fez o que lhe apetecia, como se ele individualmente pudesse fazer o que queria!
Não pode...

E essa decisão vai sair-lhe muito cara!
Estava a escrever história no Benfica... agora arrisca-se a ter de começar tudo de novo...

Para já está a perder tempo, e visibilidade. Enquanto os seus colegas estão já a jogar, a ganhar competitividade, a aparecer na TV vista por milhões, Cardozo está sabe-se lá onde... Até surgem notícias vexatórias dizendo que Cardozo está proibido de entrar no Caixa Camus...
Ou seja, de herói, passou a «persona non grata»... Tudo por causa de atitudes irrefletidas e mal resolvidas!

É pena!

Mas todos nós devemos aprender com estas lições!
No futebol, assim como na vida, os erros pagam-se caro!

Cabeça limpa, boa atitude, respeito e compreensão para com as equipas técnicas e com os outros, humildade e dedicação, são sempre bons conselhos para quem quer ter sucesso na vida.

Querer ultrapassar barreiras com pequenos truques, acrobacias arriscadas, normalmente dá maus resultados!

Costumo dizer que na vida não vale tudo, e que a honestidade e os valores do civismo e da humanidade mais tarde ou mais cedo dão resultados!

É preciso é esperar o tempo certo...  Não adianta querer as coisas cedo demais!


E JÀ QUE ESTAMOS NA ONDA DE APRENDER COM OS EXEMPLOS:

Eis o excelente exemplo que deu Cristiano Ronaldo ao recusar comentar as alegadas críticas de Mourinho.
Também é por isto que Ronaldo continua no topo do futebol mundial. Ele tem que se focar naquilo que é bom, que é a jogar, e fugir às polémicas de retórica.
Muito boa a sua resposta!




Do site maisfutebol:

Ronaldo para Mourinho: «Não cuspo no prato onde como»

Clima tenso nas vésperas do reencontro

Por Redacção , SM2013-08-05 09:14h
Cristiano Ronaldo não se conteve e respondeu com ironia a José Mourinho, que disse recentemente que o verdadeiro Ronaldo que treinou foi o brasileiro, aquando da passagem do «Fenómeno» pelo Barcelona.

«Há coisas na vida que não merecem comentários. Não vou comentar isso por razões óbvias. Sempre tive respeito pelos meus treinadores e tento aprender com eles», afirmou o português em conferência de imprensa em Los Angeles.

«Já estou habituado a pessoas que falem mal de mim. Como se costuma dizer em Portugal, não cuspo no prato em que como. Prefiro lembrar-me apenas das coisas positivas», frisou.

O Real Madrid venceu esta madrugada o Everton por 2-1 e está na final da Guinness Cup, onde vai defrontar o Chelsea de Mourinho. Mas Ronaldo desvaloriza este reencontro: «É só mais um jogo e queremos ganhar. Vamos enfrentar o Chelsea e não o treinador», sublinhou.



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