A formação, o ensinar a jogar pelo gozo do bom futebol, o esquecer os resultados, o privilegiar o bom futebol.
Mourinho diz isto:
«As minhas equipas não têm medo de perder, e uma equipa que não receia perder ganhará mais jogos e jogará melhor do que uma que tema.»
Acreditam que em 4 épocas, já lá vão provavelmente uns 200 jogos, entre oficiais, de treino e torneios,
não me lembro de um jogo em que nos tenhamos fechado lá atrás para não sofrer golos.
Nunca.
Pontapé para a frente, para despachar, usar esta forma de impedir o jogo do adversário, nunca vi!
É talvez por isso que eu continue a achar que a formação que se faz no Almada é exemplar.
Ainda a semana passada fizemos um jogo treino contra o Olímpico do Montijo.
Ganhámos, é certo, mas para o efeito, pouco importa.
Aquela equipa fez uma época de Iniciados brilhante... campeões da primeira distrital, campeões do Sesimbra Cup e do torneio ADCEO... é uma equipa com enorme sucesso. Foi, provavelmente, em iniciados, a equipa com mais sucesso de todo o distrito.
E agora perguntam-me, «essa equipa do Olímpico tem um bom futebol? Gostaria de ter lá o seu filho a treinar?»
Pois, a resposta é duplamente negativa.
Entrar em campo com uma agressividade desmedida, puxões, cacetada, empurrões... não! Eu detestaria que o meu filho jogasse numa equipa assim. Provavelmente preferiria levá-lo para um clube com menos sucesso, mas onde a formação fosse melhor.
Mas temos de reconhecer que aquela estratégia dá resultados.
Pois dá!
Ganham-se jogos a jogar assim. pelo menos nestes escalões... provavelmente mais tarde aquela vantagem competitiva desaparece, e depois começam a faltar outras valências...
Hoje mesmo ouvia o jornalista David Borges, na SIC, a comentar o «caso Luísão»...
Dizia ele que o facto de os dirigentes do Benfica se terem ficado a rir no momento do incidente na Alemanha, mostra bem o ponto em que está o futebol português. E dizia que chegámos provavelmente a um ponto em que é preciso voltar ao básico, voltar a ver o futebol como um desporto bonito, de fairplay, de ausência de agressões em campo.
Lembrava David Borges que alguém do comité olímpico afirmou recentemente que o futebol não devia fazer parte dos jogos Olímpicos... Precisamente porque se tornou um desporto demasiado violento... feio... um espetáculo televisivo de um jogo de futebol tornou-se algo muito feio... Demasiada violência!
Vem a propósito porque ao ler as palavras de Mourinho, constatei que também o nosso grupo joga sempre sem medo de perder. É uma equipa que quer sempre marcar golo. Que quer sempre construir bom futebol.
Sinceramente... não me lembro de um jogo em que tenhamos ficado com o «autocarro» atrás a evitar o golo do adversário.
Não me lembro...
Os adversários mais fortes que me lembro de termos tido nos últimos anos, contra o Benfica (há 2 épocas, na inauguração do sintético) ou contra o Chivas de Guadalajara no Ibercup... não vi em nenhum dos casos uma equipa fechada atrás a segurar o empate!
Contra o Benfica criámos inúmeras situações de golo... não tivemos sorte. O mesmo contra os mexicanos... (Ah! Convém dizer, em ambos os jogos perdemos por 3-0... se calhar se nos metessemos todos atrás a defender.. provavelmente perderíamos com menos golos, quem sabe um empate... mas é isso futebol?)
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