sábado, 21 de setembro de 2013

Porque é que as coisas podem correr mal?

Quantas e quantas vezes antes de começar uma época as pessoas, pais, amigos, familiares, técnicos, dirigentes, adeptos, todos fazem apostas,  juras, promessas, convicções de que a época vai ser um sucesso e, depois, revela-se um fracasso?

Já aconteceu convosco, de certeza, já aconteceu comigo, claro, e julgo que acontece com todos nós.
É da vida.

Mas quando já passámos por isso, conseguimos identificar os erros e se calhar, se tivermos alguma capacidade de decisão, ou de aconselhamento, conseguimos que esses erros não se repitam.



Ora, proponho-me enunciar aqui algumas condições que, sabemos, fazem com que tudo corra mal. (Para evitarmos esses erros, claro).



1. Quando o plantel é muito bom, mas as coisas correm mal. Porquê?

Dos jogadores.

Ter um grande plantel, com jogadores de créditos firmados, jogadores que já foram chamados a treinar aos clubes grandes, Benfica e Sporting e outros, dá algumas garantias, mas não garante tudo. OS jogos só se ganham em campo. Não há vitórias antecipadas. Costumo dizer que os jogos ganham-se com muito suor, não é só com inspiração. Quando falta o suor... nada feito!

Muitas vezes vemos a fotografia do início do jogo e exclamamos:"Mas que grande plantel!"

Mas depois o jogo começa e o que vemos é um adversário a criar mais perigo, a correr mais, a marcar mais golos, a jogar mais que nós... e perdemos. Então? Como acontece? Como é possível?


Ora, um jogador ser excelente não significa que faça todos os jogos com excelência.
Muitas vezes há excelentes jogadores que entram em campo a dormir.
Porquê? Pode ter acontecido milhentas coisas.
Terá ido sábado à noite à discoteca, bebeu muito álcool, fumou muitos cigarros?
 Terá ate fumado drogas? Deitou-se às 5 da manhã?
Ora um jogador nestas condições até pode ser o Cristiano Ronaldo, no domingo de manhã nao vai jogar nadinha. Rendimento será péssimo.

Mas não vale a pena estereotipar o jogador desconcentrado, há dezenas de outras situações possíveis, é só pensarmos um pouco:

- Um desgosto amoroso, uma namorada que nos abandona, uma discussão com um amigo, uma desilusão quanto a uma pessoa próxima, uma situação familiar complicada, uma morte de familiar, uma asneira feita em casa cujas consequências ainda não sabemos quais vão ser quando os nossos pais souberem, uma dificuldade na escola, uma situação de bullying na escola, uma ambição que tivemos de desistir...

Enfim, há tantas e tantas coisas que podem levar um jogador a entrar em campo desconcentrado, ele está ali fisicamente, mas a sua cabeça está noutro lado.

Quando isto acontece, o papel fundamental cabe aos treinadores.
Se não se apercebem do que se está a passar, ou simplesmente não querem ver por razões a meu ver muito negativas, então temos o descalabro.

Infelizmente já assisti a esse filme.
Jogadores que estão em campo e são uma nulidade, não estão ali a fazer nada, mas jogam 80 minutos...

E perguntam vocês: «Mas se o jogador não tem rendimento porque razão o treinador o mantém em campo?"
Mas porquê?
 Será mera incompetência do treinador, que não tem a capacidade de observação para perceber que o jogador estar em campo ou não é a mesma coisa?
Essa é uma resposta possível. Mas há muitas mais.

Senão vejamos, as várias razões possíveis:


O treinador enerva-se muito quando as coisas correm mal e de facto perde a capacidade analítica. Deixa de fazer a leitura de jogo e foca-se apenas na repressão aos jogadores que falham em campo... Sem perceber que se calhar é melhor trocar jogadores, está desfocado do essencial, perde-se nos pormenores, e esquece o importante.

O treinador montou uma equipa com base em relações de amizade e convivência com pais e jogadores, já há ali uma amizade profunda.
 O treinador sente-se condicionado, não quer tirar de campo um jogador para não ferir a relação com um dito pai. É mau. É muito mau, mas infelizmente é uma realidade demasiadas vezes conhecida de todos nós. É triste, pois, pois é... mas é muito comum. Jogadores e pais que fazem vida social com treinadores... dá sempre maus resultados!

O treinador prometeu a jogadores que convidou a ingressar na equipa que iriam ser titulares e jogar muito. Sente-se preso a um acordo que, na verdade nunca deveria ter feito.
Aquela é uma garantia que qualquer pessoa que anda no futebol sabe que não se pode garantir.
Um jogador só é titular se estiver em forma.
Qualquer treinador que faça promessas destas é, a meu ver, um péssimo treinador.
Faltam-lhe bases mínimas...  É um mero «sapateiro» do futebol...

Nunca será um bom treinador porque está condicionado.
Mais tarde ou mais cedo vai cometer erros graves e vai ser corrido do clube... E bem corrido, a meu ver.

Mas um treinador também pode ver que há um jogador que precisa sair  mas considerar que não tem banco com qualidade para fazer essa substituição. Sei que muitos treinadores usam esta "desculpa", que não passa, a meu ver,  de uma farsa.

Um treinador quando convoca 18 jogadores para um jogo tem de sentir que todos podem entrar a qualquer momento. Senão, é melhor nem os convocar. fazer dos miúdos palhaços é que não!
Quem está no banco, está ali para entrar a qualquer momento. Essa desculpa miserável, para mim, é um acto de mera cobardia:
«Pois, eu sei que o jogador não estava bem, ele até veio jogar doente, mas não tinha banco...»
Já ouvi conversas destas. Mas, não tinha banco???
Estamos a brincar?
Há equipas na primeira distrital a dizerem que não têm banco???
Desculpem-me, mas esta resposta é a admissão de grande incompetência.
Também são os treinadores que têm de conseguir formar um bom plantel: Se se deu ao trabalho de juntar apenas 11 jogadores a quem prometeu lugar cativo em todos os jogos, e depois esteve-se nas tintas para se tinha banco ou não...  é incompetente! Desculpem-me a crueza das palavras, mas não há outra explicação: É um treinador incompetente!

Mas muitas vezes isto acontece porque há equívocos.

Ainda há pais que acham que podem garantir a titularidade dos filhos com relações próximas com treinadores.
 Nada mais errado.

 Até podem garantir isso, com treinadores fracos, podem garantir a titularidade dos seus filhinhos, estejam  os jogadores bem ou estejam mal.

Mas os jovens, coitados, nunca passarão de "afilhados" do treinador, e essas coisas sabem-se, notam-se, percebem-se rapidamente no seio do grupo. Quem fica mal é o miúdo, e fica sempre mal o treinador!

 O verdadeiro valor do jogador nunca será reconhecido.

E é pena, porque o miúdo ate podia ser muito bom, mas quando todos sabem que ele só joga pelas cunhas e influências do paizinho... Será sempre um jogador diminuído.

Esses pais chico-espertos pensam que estão a ajudar os miudos, mas só os enterram...

 É pena, mas há tantos por aí... Só eu conheço mais de uma dúzia deles...

 Sempre de volta dos treinadores... Sempre a tentar influenciar...

Porque sabemos, há pais que acham que as coisas funcionam assim.
Quando os miúdos  são convidados para um clube exigem que o filhinho seja sempre titular.

E depois estão sempre em cima do técnico a colocar pressão.
E há ainda pior.
 Há paizinhos, e eu conheço alguns, que fazem tudo para afastar a concorrência ao seu filho na equipa.

São capazes de andar a espalhar que o jogador concorrente do filho tem este e aquele defeito...
 E, mais grave, quando o filho passa a ir para o banco porque o treinador considera que há outro jogador em melhor forma, começam a minar todo o ambiente de bancada.
 Inventam supostas cabalas, supostos inimigos, de repente o mundo parece desabar e o clube passou a ser o pior clube do mundo!

E vão saltando de clube em clube... e o filme é sempre o mesmo...

Enfim, é o mundo do futebol!
Como todos bem conhecemos...












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